Mestre Nelito - Ação Griô - BA

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Sobre o Mestre Nelito

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Mestre Nelito, ou Euzébio dos Santos, é nascido em Santiago do Iguape. Migrou ainda pequeno para Santo Amaro onde viveu até os 11 anos, depois mudou-se para Salvador onde reside até hoje. Desde de muito cedo desenvolveu ações que contribuíam com o sustento da casa, como trabalhar na roça e carregar as roupas que a mãe lavava para ganho. Iniciou na capoeira ainda criança com Mestre Cobrinha Verde com quem seguiu e recebeu o título de Mestre. Começou a tocar percussão e se envolver com blocos carnavalescos na juventude, primeiro junto a Mestre Zé Carlos no bairro do Santo Antônio. Tornou-se Mestre de percussão e a partir daí é que passa a ser conhecido como Mestre Nelito e a atuar em diversos blocos de samba carnavalescos de Salvador. Entre eles 2 blocos no Engenho Velho da Federação, bairro em que vive atualmente, Cacique do Garcia e durante 28 anos esteve a frente Bloco da Mudança do Garcia. Já atuou como professor de percussão em projetos educativos com crianças e adolescentes no Engenho Velho da Federação e em Paripe. Sendo uma destas junto a Ação Griô, como Mestre, em 2009. Fundou o Grupo de Samba Chula Os Vendavais, sendo compositor e vocalista no mesmo. Seus ensaios são no bairro onde vive. O grupo mantém a tradição do samba chula há cerca de 25 anos, fazendo questão de manter a dinâmica tradicional da roda de samba chula. Os Vendavais tocam em pequenos eventos, festas e em alguns terreiros de Candomblé parceiros junto a festas de caboclo, festas para Santo Antônio e em Carurus para Cosme e Damião. Mestre Nelito participa da Associação dos Sambadores e Sambadoras do Estado da Bahia, onde já foi diretor e é titulado “Mestre Popular da Cultura” pela Fundação Gregório de Mattos em 2006. Desde 2008 faz parte do projeto “Cantador de Chula” que visa a pesquisa, registro, preservação e divulgação da chula.


Sobre o Edital Açao Griô Bahia

O projeto tem patrocínio do Governo do Estado, através do Fundo de Cultura do Estado da Bahia, Secretaria da Fazenda e Secretaria de Cultura do Estado da Bahia, Edital “Projetos Estratégicos 2013”. O objetivo é selecionar propostas de práticas e projetos educativos e culturais que regulamentarão o fundo de Bolsas de Incentivo Griô do Projeto Ação Griô Bahia, para instituir a Política Estadual de transmissão oral em diálogo com a educação formal, fortalecer a identidade e ancestralidade do povo brasileiro e registrar os/as Mestres Griôs e os/as Griôs Aprendizes em atuação na Bahia. Os objetivos do edital têm referências nas prioridades políticas definidas na III conferência estadual de Cultura da Bahia de 2009 e na Conferência Nacional de Cultura de 2010, sendo destaque na consulta pública das metas do Plano Nacional de Cultura em 2011, com referências também no projeto de Lei Griô que está em tramitação na Assembleia Legislativa da Bahia e no Congresso Nacional e nos editais lançados pelo Ministério da Cultura em 2006 e 2009. http://www.acaogrio.org.br/blog/2015/04/30/edital-acao-grio-bahia-adia-inscricoes-para-06-de-julho-de-2015/


Sobre o resultado do edital - http://www.acaogrio.org.br/blog/2015/09/09/comissao-do-edital-acao-grio-bahia-divulga-resultado-e-conclama-secult-pra-criacao-de-fundo-para-bolsas-de-incentivo-grio/

A ação contemplada

A ação contemplada pelo edital envolve, formalmente, a interação entre Mestre Nelito, eu enquanto griô aprendiz e o Prof. Pedro Abib enquanto elo com a Universidade Federal da Bahia e coordenador do grupo de pesquisa Griô: Culturas Populares, Ancestralidade Africana e Educação na FACED, espaço onde parte das ações irão ocorrer e dialogar com o público de pessoas universitárias de diversas áreas de conhecimento e níveis, sendo em sua maioria atuantes no campo da educação - formal ou não - em busca de fontes de conhecimento que contribuam na construção de um processo educativo não eurocêntrico e que valorize os saberes provenientes da cultura oral e de matrizes africanas. A possibilidade de desenvolver a ação surge também ligada ao meu encontro e participação nos coletivos A Corda Samba de Roda, grupo de prática e pesquisa em samba de roda que desenvolve seu trabalho com crianças em Tubarão no subúrbio ferroviário e no espaço da UFBA Ondina e o Coletivo Ginga de Angola de capoeira angola e desenvolve suas atividades semanais na Escola de Dança da UFBA e busca interações com outras práticas culturais de matriz africana. Os saberes e fazeres partilhados serão a história e o contexto de surgimento do samba chula e a história de vida de Mestre Nelito. Os elementos ligados a vivência do samba chula e o corrido, o canto, o toque, a dança e ritualidade da prática. Tudo dialogando com o ensino apreendido por pessoas de diversas áreas de conhecimentos que buscam em sua formação meios e elementos de trazer práticas da tradição oral para suas ações acadêmicas e educativas. O planejamento pensado previamente envolve ações de rodas de conversas, trazendo a sensibilização e o contato com a história, o contexto e dinâmica da prática do samba chula, bem como da história de vida e os saberes vividos pelo Mestre Nelito. O segundo momento é de vivência prática de todos os elementos presentes numa roda de samba chula, o canto, o toque, a dança. O terceiro momento vem de encontros com um compartilhamento mais abrangente dos saberes, a partir da apresentação das experiências vividas e saberes adquiridos pelo grupo que seguirá os encontros num espaço de maior visibilidade e abrangência dentro da Universidade e em bairros populares com os quais as pessoas e coletivos envolvidos na formação têm ações já em andamento, assim como no bairro do Engenho Velho onde mora o Mestre Nelito. O último momento envolve uma sistematização dos aprendizados trocados, num processo coletivo direcionado por mim enquanto aprendiz, somado pelo professor e aos olhos do Mestre, buscando depois disso a maneira mais “multiplicadora” para socializar a experiência e seguir com os frutos que surgirem nesta caminhada. Entendendo que este é o planejamento prévio e a caminhada é dinâmica e as melhores formas de interação e construção ainda estão sendo construídas no caminhar. Eu enquanto aprendiz, sigo atenta aos direcionamento, sutilezas e saberes partilhados pelo Mestre. A ideia é que este seja um espaço para socializar parte deste processo, colocando aqui o registro dos encontros.